A Geração Z enfrenta um mercado de trabalho complexo e tem recorrido cada vez mais à ajuda dos pais, principalmente para enfrentar as fases iniciais de suas carreiras. De acordo com uma pesquisa da Handshake, cerca de 25% dos estudantes universitários e recém-formados afirmam que seus pais participam diretamente da busca por empregos, ajudando a elaborar currículos e até praticando entrevistas.
Este envolvimento familiar é impulsionado pela falta de experiência e a insegurança ao enfrentar um mercado cada vez mais competitivo e tecnológico. No entanto, essa prática pode acarretar problemas, incluindo uma percepção negativa por parte dos empregadores. Um estudo recente destacou que mais de 30% dos recrutadores preferem contratar trabalhadores mais experientes, em vez de candidatos da Geração Z, citando problemas de etiqueta e comportamento como razões principais.
Além disso, o aumento da participação parental também reflete mudanças na dinâmica social, uma vez que os jovens têm demorado mais para alcançar a independência financeira. Um estudo realizado pela Pew Research Center mostrou que, em 2020, 52% dos adultos entre 18 e 29 anos nos EUA ainda viviam com os pais, o maior percentual registrado desde a Grande Depressão.
Outro aspecto relevante é que a Geração Z dá grande importância ao bem-estar no trabalho. Um levantamento da Deloitte apontou que cerca de 46% dos jovens da Geração Z priorizam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional ao escolher um emprego, enquanto 39% consideram os benefícios financeiros como um fator-chave para a satisfação no trabalho. Isso indica que, embora o salário seja importante, outros fatores como flexibilidade e um ambiente de trabalho saudável têm um peso significativo.
Dados do IBGE mostraram que, no Brasil, a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos (que inclui a Geração Z) era de aproximadamente 22,8% em 2022, bem acima da taxa geral de 9,3%. Isso sugere que essa geração enfrenta dificuldades consideráveis ao tentar se inserir no mercado de trabalho, o que pode explicar em parte sua dependência dos pais para conseguir empregos.
Um estudo da LinkedIn revelou que 72% dos profissionais da Geração Z preferem modelos de trabalho híbridos, combinando o trabalho remoto com o presencial. Além disso, eles se comunicam majoritariamente por ferramentas digitais e redes sociais, sugerindo uma forte demanda por ambientes de trabalho alinhados com essas preferências tecnológicas.
A mesma pesquisa da Deloitte mostrou que 49% dos profissionais da Geração Z consideram mudar de emprego nos próximos dois anos, evidenciando uma tendência à alta rotatividade. Esse comportamento é amplamente impulsionado pela busca de melhores condições de trabalho, como flexibilidade, e por oportunidades de crescimento mais rápidas. A insatisfação com o ambiente de trabalho tradicional e a constante procura por um alinhamento entre valores pessoais e profissionais são motivos centrais dessa tendência. Essa alta rotatividade pode criar desafios para empresas, que precisam adaptar suas estratégias de retenção, oferecendo planos de carreira claros, benefícios atrativos e um ambiente mais flexível e inclusivo para manter esses jovens engajados.
Por Elisa Lokschin Heberle